Não faltará desse lado quem seja capaz de enumerar um vasto conjunto de contrariedades decorrentes da massificação do turismo, pelo que não me alongarei no inventário já tantas vezes debulhado, nem na afirmação do óbvio incremento da macro-economia da pátria (que a micro deixa sempre muito a desejar). Tomo apenas a liberdade, por desfastio, de narrar um caso pitoresco que presenciei um destes dias num local muito frequentado por forasteiros, os quais ali se deslocam a fim de tirar retratos de bilhete postal da minha cidade. Fechavam-se as portas do metro de superfície quando, a toda a brida, nos ultrapassou uma caravana de tuk-tuk com os seus turistas alapados, compondo o sorriso tolo dos que estão dispostos a apreciar cada cêntimo gasto neste infinito comércio. Agarrados à traseira de um dos veículos, como antigamente se fazia nos ronceiros carros elétricos, um grupo de moços ia à boleia dos camones e não se limitavam a mitrar a viagem deles. Cantando, gritando e rindo, os rapazes entoavam uma espécie de hino que constava de duas frases muito singelas, segundo as quais ali iam "os turistas a pagar para os gunas andar" — com falta de concordância e tudo, não fosse alguém pensar que se tratava de uma encenação pouco espontânea e só para inglês ver.