Um número crescente de pessoas das minhas relações possui, ou deseja possuir, um robô-aspirador que lhes evite a amofinação de limpar o pó. Trata-se de um disco circular com poucos centímetros de altura, o qual pode ser pré-programado com a planta das casas e se move devagar pelas divisões, deglutindo poeiras, ciscos, restos de cinza e cotões. Nada que se compare, portanto, ao assombro contemporâneo do Human One, a obra de arte de Beeple que pode ser vista num museu de Turim (e que, tendo sido vendida por 28,9 milhões de dólares, não aspira coisa alguma, embora aspire, se calhar, a revolucionar a forma como vemos as artes plásticas). Chatos, lentos, eficientes e redondos, os aspiradores dos meus amigos também não se comparam com o andróide que aspira cá em casa. Não precisa de estar ligado a uma tomada para recarregar a bateria e, às vezes, interrompe o labor para fumar uma cigarrilha, pôr um CD a tocar e ir à varanda apanhar ar fresco. É tão avançado, o meu andróide aspirador, que frequentemente se recusa a executar a tarefa que lhe cabe e vem escrever posts sem interesse absolutamente nenhum.