terça-feira, 19 de abril de 2022

Vai por onde os chocalhos te levarem










Tinha planos claros (e insensatos) para a noite do sábado de aleluia: juntar-me-ia à multidão que participasse na bestial chocalhada da vila e procuraria, desta vez, fotografar a festa a preceito. Mas não o fiz. Assim que a Banda União Artística passou — e, com ela, os primeiros foliões —, juntei-me ao cortejo e logo desisti da máquina fotográfica, pois a festa ia rija como há muito não se via, depois de dois anos de proibições pandémicas.

A chocalhada de Castelo de Vide é uma ancestral manifestação pagã associada aos festejo da Páscoa, na qual as pessoas se juntam e percorrem algumas ruas da vila fazendo soar os badalos do gado. Este ano juntaram-se milhares de pessoas e, quando o cortejo terminava a primeira volta ao percurso habitual, ainda havia gente a meio da primeira passagem, formando um gigantesco coro de badalos de vários tamanhos, que se prolongou muito para além do que é comum.

A imagem que ilustra este post foi, por isso, captada há três anos, antes de a festa me ter feito desistir de fotografar. Desta vez, nem uma chapa fiz. Badalei até os músculos dos braços me doerem e a chocalhada se extinguir quando os elementos da banda entraram, um a um, pela porta da sede da associação. Não sei que maus espíritos devia a chocalhada espantar, mas creio que os enxotei a quase todos. Aos demais ainda tenho de continuar a telefonar para ver se pagam o que me devem.