quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Postal ilustrado


Passo, com certa frequência, pela velha ponte metálica que atravessa o rio da minha aldeia, agora convertida em canal de circulação do metropolitano e miradouro para turistas. Mas nunca me enfado. É impossível cansarmo-nos de ali transitar, como correndo rente aos telhados do casario. O Douro cintila. As janelas dos edifícios reflectem os jogos que a luz produz na corrente. As gaivotas planam e as estrangeiras esticam os beiços para os filmes em que imitam, tão tolas, as vedetas do instagram. Os rabelos baloiçam suavemente. Às vezes, a neblina torna tudo ainda mais diáfano e impreciso, para gáudio daqueles que, na ponte, disto se comprazem.