Li, já não sei onde, que Platão tinha o hábito de advertir os outros cidadãos de que não era tão louco como parecia. Talvez o dissesse também para se persuadir de que era muito capaz de dominar as próprias capacidades cognitivas, o próprio juízo, a despeito da avaliação dos demais. Seja como seja, ocorre-me igualmente, às vezes, avisar as pessoas das minhas relações que não sou tão parvo como aparento. Não o faço, porém. É muito pouco provável que a minha garantia produzisse algum efeito prático e, para além disso, é possível que haja pouca verdade na minha presunção. Não apreciar que me tomem por estúpido não significa necessariamente que não o seja de facto.