quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Evitar as dietas, não parar de beber

Certas novidades têm a particularidade de me caírem no goto por motivos totalmente errados (ou que a maior parte da população adulta e com algum tino consideraria completamente errados). É o caso de um estudo — científico, que diabo — realizado nos Países Baixos, segundo o qual a má nutrição e a abstinência alcoólica foram responsáveis pelos piores transtornos mentais de Vincent van Gogh, o qual morreu na sequência de uma tentativa de suicídio algo esdrúxula: disparou um revólver contra o peito, mas o tiro não atingiu nenhum órgão vital e van Gogh voltou para casa pelo próprio pé, caminhando; morreu 30 horas depois, vitimado pela infecção provocada pela bala. O pintor vivia então em França, sendo acompanhado de perto por um médico, o doutor Gachet. Antes, estivera internado num hospício, na sequência do episódio em que tentou cortar a própria orelha. Ao que tudo indica, a abstinência do álcool e a má nutrição resultantes do acompanhamento médico levaram a que o pintor sofresse de surtos psicóticos e delirium tremens, agravando substancialmente o seu estado psicológico e conduzindo-o à depressão que motivou a tentativa de suicídio. A moral da história não será óbvia para toda a gente, mas estou certo de que qualquer amante decente das exaltações dionisíacas encontrará nos resultados deste notável estudo razões mais do que suficientes para evitar as dietas a todo o custo e não parar de beber por nada deste mundo.