domingo, 26 de janeiro de 2014

A intocável















Hanna Flanders, a personagem do filme Nenhum Lugar Para Ir/Die Unberührbare, do alemão Oskar Roehler, é uma escritora viciada em álcool, medicamentos, tabaco e perucas. Burguesa e simpatizante comunista, parece um paradoxo com pernas — à beira do abismo. Quando o muro de Berlim cai, não é apenas a utopia que morre. O pouco mundo que resta a Hanna vem abaixo. Quando atravessa a paisagem suburbana e desolada, lamacenta, de Berlim Leste, de botins de salto alto e sobretudo Dior, não se limita a ser uma figura deslocada e patética. É já um escombro, um pedaço de chão sem pátria, um fantasma.