segunda-feira, 11 de junho de 2012

O regedor universal das autarquias portuguesas



Tenho sentido muito a falta das crónicas do Manuel António Pina na última página do JN, e até sou capaz de lhe telefonar hoje para ver o que se passa, e para apurar os motivos pelos quais não pudemos ler nada que preste relativamente à proposta (mui avant-garde) de Rui Rio, o qual pretende suspender a democracia nas autarquias a braços com problemas financeiros. Sabendo-se, como se sabe, que Rui Rio é praticamente o único autarca competente da Península Ibérica (pelo menos), eu creio que a ideia do edil peca por falta de ambição, na medida em que devia ficar desde já estabelecido que as câmaras em desequilíbrio financeiro passem todas a ser governadas por uma comissão administrativa que tenha sempre como presidente a única pessoa capaz de resolver o problema: o doutor Rui Rio, evidentemente. Na medida em que também o país se encontra desde há algum tempo em situação de desequilíbrio financeiro, e mesmo a braços com um plano de resgate internacional, estou mesmo convencido de que se gastou, no ano passado, um dinheirão desnecessário a organizar eleições que permitissem depor o engenheiro Sócrates. Bastava, muito simplesmente, ter nomeado uma comissão administrativa para pôr as contas em ordem. E só vejo, aliás, uma pessoa capaz de pôr isto na linha: o infalível doutor Rui Rio, ora pois.