segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Umas tangerinas muito pequeninas
Comi hoje umas tangerinas muito engraçadas, pouco maiores do que berlindes. Cresceram numa árvore do Souto do Rio, num quintal voltado para o Douro, e tinham um sabor antigo e honesto – bom. Eram frutos de outros frios, como que saídos de uma máquina do tempo sem passar pela peneira das normas comunitárias e pelos fiscais da ASAE. Achei aquelas tangerinas parecidas com um velhote que, pouco depois, vi mastigando um pão na estação de Francos do metropolitano. Era muito magro e pequeno, quase não tinha dentes, e só reparei nele quando uma moça que comprava bilhetes perguntou a alguém no outro lado da linha se, por acaso, não tinha vinte cêntimos. O velho corporizou-se, então, e perguntou: “Queres vinte cêntimos?”. Ela disse que sim. Ele tirou as moedas do bolso e deu-lhas.