Não sou um indivíduo natalício. A quadra, sendo o que é, festejando o que festeja, dificilmente me poderia dizer menos. Mais facilmente teria motivos para celebrar a data do nascimento do Madjer (15 de Fevereiro), do Vinicius de Moraes (19 de Outubro), da Beyoncé (4 de Setembro) ou do Julio Cortázar (26 de Agosto), cujos mistérios nunca cessaram de me surpreender, ou um dia em que, sei lá, tenha sido particularmente feliz, se fosse capaz de me lembrar de datas (sou capaz de me lembrar de datas, mas não interessa nada).
Hoje a minha filha perguntou-me se gosto mais de dar ou de receber presentes. Não é uma pergunta fácil, mas a resposta saiu-me muito facilmente. Gosto mais de dar. É o único motivo pelo qual tenho algum respeito pela merda da data que amanhã e depois se comemora com grandes comilanças (é o meu segundo motivo para guardar respeito à festa; tenho o estômago em grande consideração). Gosto de ver a felicidade dos outros quando recebem prendas. Não fosse isso e mais depressa passaria estes dois dias debaixo de uma manta, tentando esquecer a todo o custo a merda que há lá fora.