quinta-feira, 14 de julho de 2011
Confissão um pouco precipitada, mas, em todo o caso, sincera
© Teatro Anatómico 2008
Por incrível que tal coisa possa parecer ao comum leitor destas linhas, sou uma pessoa regular e sensata durante a maior parte dos minutos que o dia tem. Sei perfeitamente, por isso, que não sou cabo-verdiano, que nada de palpável me liga a Cabo Verde e que, por muito que me interessem as conversas em Crioulo que ouço no metro, não vou nunca ser sampadjudo ou badio, de Sintanton ou da Bubista. Não foi isso que a vida quis e já não vou a tempo de mudá-lo. Tento, por isso, esquecer-me desta mania que tenho, do sobressalto que certas coisas de Cabo Verde me provocam. Mas basta que, a meio de alguma coisa que esteja a fazer, apareça o Ildo Lobo a cantar o Cretcheu Maguode, o Caminho di mar, o Sonte é bo nome ou a Conbersa co deus, para que algo em mim se revolva e enterneça. Coisa mais estranha, mais estúpida, isto de ter vontade de sorrir e fechar os olhos só por escutar um marmanjo cantando.