domingo, 13 de março de 2011

Lendo Dublinesca e dormindo belas sestas

Creio que já expliquei algures de que modo a leitura dos livros de Enrique Vila-Matas me proporciona uma experiência de imersão radical, ao ponto de alterar o modo como relaciono factos, a minha forma de pensar. Com Dublinesca, o mais recente romance do escritor catalão, a minha relação tem sido ainda mais inquietante, se é que posso dizê-lo deste modo. O convívio com o quotidiano de Samuel Ribas, o ex-editor transformado numa espécie de autista, tem-me proporcionado uma estranha sensação de dormência, de algum modo gémea do alheamento de Ribas, como se a realidade exterior se fosse afastando, tornando-se difusa. Dou por mim, aliás, a cabecear de cada vez que começo a ler Dublinesca e acabo mesmo por adormecer durante um segundo ou dois. Não estou certo de que isto seja bom, ou de que seja mau, mas sei que tenho, entretanto, dormido belas sestas.