sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Os pobrezinhos estão bem é assim, transformados em estátuas
A arte tem um poder curioso. Na estação de S. Bento do metropolitano do Porto estão alinhadas esculturas representando pedintes e outros desgraçados. São personagens praticamente iguais às que, ao vivo e a cores, podemos ver em qualquer rua da cidade, estendendo a mão a quem passa ou dormindo debaixo de caixas de cartão. Ali no subsolo, imóveis e sem vida, os desafortunados transformam-se em arte. Se, porém, estivessem vivos e interpelando verdadeiramente os passantes, aqueles mesmos personagens seriam um estorvo malcheiroso e feio, repugnante, quer à superfície, quer nos subterrâneos do metro. Mais: se estivessem vivas, aquelas estátuas seriam gentilmente escorraçadas pelos securitas que mantêm a ordem e a urbanidade nas instalações.