terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O admirável encanto do anonimato

Entrei há pouco no metropolitano (estação de Francos, pois claro) e, ao primeiro relance, espantei-me com a quantidade de pessoas que aparentavam estar a ler alguma coisa que não fosse o Destak (ou lá o que é). Olhando com mais atenção, pude confirmar que pelo menos três dos passageiros iam a ler livros (livros!), um dos quais numa velha encadernação de pele que excluía a possibilidade de se tratar de um desses best-sellers que se lêem como telenovelas. Havia ainda uma senhora que lia uma revista dedicadas às mundanidades e uma moça na qual reparei particularmente, uma vez que tinha aberto o jornal do dia numa página em que estava impressa uma fotografia minha (igualzinha à do Andante). Sobressaltei-me um pouco, claro, pois ninguém está livre de levar um par de estalos de um fanático do professor Cavaco. Mas tão depressa pensei nisto como me aquietei. Já me disseram várias vezes que não sou, assim na vida real, muito parecido com o rapaz bem-parecido daquela fotografia. Ninguém, portanto, me reconheceu e pude, assim, terminar a viagem em paz e sair tranquilamente na Trindade ao lado da rapariga do jornal, que também nem chegou a ler a crónica, uma vez que as pessoas têm mais que fazer do que perder tempo a ler o jornal todo.