domingo, 23 de janeiro de 2011

My own private Roy Channing story


Há alguns meses atrás, o João Luís Barreto Guimarães pediu-me, como já tinha pedido a outras pessoas, que escolhesse um poeta e um poema para o blogue Poesia Ilimitada. Eu escolhi Cesário Verde e o poema De tarde, provavelmente por ser dos poucos que eu sou capaz de dizer de cor desde o tempo do liceu. A coisa fez-se natural e descontraidamente, mas, um dia, alguém deve ter encontrado e achado piada ao poema, e nem se deu trabalho de ler os textos que o acompanhavam: republicou-o num blogue qualquer e atribuiu-me a autoria de De tarde. E, a partir daí, tenho sido dado como poeta genial por alguns sítios da blogosfera, autor do inesquecível poema do pic-nic de burgueses. Ou seja: aconteceu-me, embora de modo totalmente involuntário, o mesmo que ao personagem-escritor do filme de Woody Allen, Roy Channing, com a vantagem de já não haver nenhuma centelha de vida biológica em Cesário Verde e, portanto, eu não correr risco nenhum de que ele venha a reclamar a autoria do poema. Ainda assim, eu preferia que não tivesse acontecido. O fracasso assenta-me perfeitamente bem.