terça-feira, 5 de outubro de 2010

Uma viagem tão boa (ou tão má) como qualquer outra


© Teatro Anatómico / Agosto de 2010


Ando há algum tempo a ruminar uma ideia um pouco estapafúrdia, mas, em todo o caso, suficientemente mobilizadora para que acorde frequentemente a pensar no assunto (o que talvez signifique apenas que estou definitivamente xoné; ver post anterior). A ideia passa por apanhar um comboio, uma manhã destas, e deixar-me ir pelas curvas do Douro até ao Pocinho, enchendo os olhos com as cores da vinha que, por esta altura, há-de estar laranjeando, enchendo-se de brilhos fulvos e cores quentes. Quero ver, enfim, aqueles pedaços do Douro que não se vêem da estrada, que é uma merda, pois afasta-se do vale e depois volta, como se estivesse indecisa entre enlear-se no rio ou perdê-lo para sempre, serpenteando à toa. De acordo com o plano várias vezes revisto, devo, depois, almoçar no Pocinho e apanhar o último comboio de regresso ao Porto, onde hei-de chegar cansado e já de noite, idealmente feliz por ter concretizado a viagem, provavelmente aborrecido por ter passado mais um dia sem conversar com ninguém. Creio que é um bom projecto para o próximo domingo, caso consiga arrancar-me da cama, de casa, do aborrecimento instalado. Para ser um perfeito fracasso, só falta que esteja a chover.