segunda-feira, 26 de julho de 2010
A crise da imprensa (agora um pouco mais a sério)
Sou perfeitamente capaz de apreciar o sentido de humor, mesmo se, conforme sucede neste caso, a coisa se reveste de algum mau gosto. Retive, ainda assim, a frase “estando consciente que o actual nível de tiragem do jornal não facilita o conhecimento dos mesmos por parte da maioria das pessoas”, a qual remete para um abnegado sentido de serviço público, perfeitamente compreensível num sítio mantido pelo dinheiro dos contribuintes. E estranho, ainda assim, o modo pouco aplicado como naquele mesmo site são criteriosamente ocultadas outras notícias e textos jornalísticos. Mas, obviamente, o caso não é de pasmar. Desde que tomou posse como presidente da Câmara do Porto, Rui Rio já assistiu, sem uma palavra, ao encerramento de dois jornais que eram instituições da cidade, O Comércio do Porto e O Primeiro de Janeiro, já expulsou jornalistas de conferências de imprensa, já atacou o Público, o Jornal de Notícias, a RTP e os tribunais, e chegou a identificar um único jornalista sério em toda a cidade. Se as coisas continuarem a correr de feição ao grande educador das massas, não há-de tardar o dia em que todos os órgãos de comunicação social relativamente livres tenham níveis de tiragem que os obriguem também a fechar portas e o isento site da autarquia, e a sua imparcial revista, sejam, de uma vez por todas, os portadores da única verdade a que os portuenses têm direito.