quarta-feira, 12 de maio de 2010
Canal Ecclesia
Escuto vagamente num rádio ao longe o anúncio publicitário de um qualquer produto financeiro protagonizado pelo Jorge a.m. e pelo Jorge p.m.. Penso nisso e concluo que posso ser eu aquele Jorge a.m./p.m., não por ter qualquer interesse no produto bancário em causa, que não tenho, mas porque frequentemente sou um Jorge durante a manhã e outro Jorge à tarde. Esperei, por isso, até ao meio-dia para ver se se atenuava o mau feitio que me acomete de cada vez que dou pela presença em solo português do rei zulu dos católicos, o qual, segundo várias jovens auscultadas pelas infindáveis transmissões televisivas e radiofónicas, “é muito querido” (assim como um ursinho de peluche ou o teletubie lilás). Malgrado alimente uma certa curiosidade mórbida e sociológica pela mecânica do ajuntamento, passei dez minutos em frente à televisão e fiquei farto de Ratzinger, congestionado, empanturrado, enjoado, mas o bom homem está em cinco ou seis canais ao mesmo tempo e, por isso, vi-me forçado a procurar alternativas em canais que, de outro modo, nem sequer veria. Encontrei no MTV Dance a solução ideal. A música é tenebrosa, mas os videoclipes, embora cretinos, são invariavelmente habitados por moças seminuas e bem constituídas, as quais rebolam em praias exóticas, se tacteiam debaixo do chuveiro, se enroscam em varões e se untam com óleo de lubrificação automóvel. O MTV Dance é, assim, o canal oficial da visita do papa na minha humilde e pouco católica habitação. À sua maneira, consegue também ser muito queridinho.