domingo, 14 de fevereiro de 2010
Voar
Às vezes, mas de modo recorrente, tenho um sonho no qual sou capaz de voar. A coisa exige o domínio de uma certa técnica: tenho de lançar-me para o ar como se o meu corpo se libertasse do peso que tem e de acreditar que, uma vez separado do chão, sou perfeitamente capaz de pairar. Voltei a sonhar com isto na noite passada. Eu voava de um lado para o outro, com os braços junto ao corpo e contorcendo-me para mudar de direcção. Estava perfeitamente encantado com esta habilidade, mas perguntando-me, ao mesmo tempo, se aquilo não era apenas um sonho e se a capacidade para voar não desapareceria quando acordasse. Pareceu-me que não; que voar é uma coisa que eu sou capaz de fazer com certa naturalidade e que, na verdade, faço há já algum tempo, apesar dos longos interregnos (voar, no sonho, é um pouco como andar de bicicleta: ao fim de algum tempo apanha-se-lhe outra vez o jeito, como se nunca se tivesse deixado de praticar). Felizmente, quando acordei, não fui experimentar esta teoria lançando-me da varanda do segundo andar.