Há não muito tempo, quando escrevi esta crónica, a minha editora de serviço comentou, desdenhosamente, qualquer coisa como “os homens e a Beyoncé, bah!”. Caso se desse ao trabalho de ler este blogue, a dita editora poderia, daqui a nada, comentar alguma coisa como “os homens e a Shakira, bah!”, pois, já o terão adivinhado, este breve ensaio é sobre a Shakira e, mais concretamente, sobre a profunda preocupação da cantora colombiana com os meninos pobres, motivo da sua visita a Lisboa para participar na Cimeira Ibero-Americana.
Muito francamente: sempre que vejo a Shakira em algum lado, a primeira coisa que me ocorre é a necessidade de ajudar as crianças pobrezinhas. Houve uma vez em que estava a assistir ao teledisco de Hips Dont’t Lie e, naquela parte em que a rapariga sacode a anca, num vestido branco, à moda de Barranquilla, dei por mim já com a carteira na mão, a agarrar no casaco para correr para a rua a fim de socorrer a primeira criança necessitada que encontrasse. O profundo sentimento caritativo que a colombiana inspira é tão grande que estive mesmo proibido pelo meu médico de assistir à dança ondulante que Shakira e Beyoncé protagonizam em Beautiful Liar, na medida em que, neste caso, a vontade de ajudar duplicava e, às vezes, triplicava, a ponto de colocar em perigo a minha depauperada saúde financeira.
Agora que Shakira está em Lisboa para dar conta das suas preocupações sociais, imagino que o mundo de fala ibérica pode facilmente endoidecer, abrindo os cordões à bolsa para resgatar milhões de crianças à fome, à pobreza e à doença, erradicando, se calhar, estas chagas de uma vez por todas. Não se fala noutra coisa. Até é capaz de passar no Só Visto.