segunda-feira, 9 de junho de 2014

Quando vierem por nós






















Quando eles vieram pelos pombos, eu não disse nada. Eu não era pombo.
Quando vieram pelos arrumadores de automóveis, eu encolhi os ombros e olhei para o lado. Não era arrumador de automóveis.
Quando vieram pelos improdutivos, eu também não disse nada. Não era improdutivo.
Depois, quando eles vieram pelos sem-abrigo, eu também não me importei. Eu não era sem abrigo.
Quando vierem por nós, talvez já não haja mais ninguém para dizer alguma coisa.

P.S.: esta pequena habilidade higienofascista não é um exclusivo deste condomínio londrino. Há cidades a instalar espigões de cimento debaixo dos viadutos para impedir que ali durma quem não consegue ter outro tecto.