terça-feira, 9 de julho de 2013

Planeamento estratégico

Devidamente estabelecido aquilo que um pouco inopinadamente escrevi em impulsivos posts anteriores, creio ser meu dever tornar claro que, em consonância com as afirmações produzidas, é possível que doravante me dedique inteiramente a plantar batatas e a plantar feijões, a martelar solas, a partir cascalho, a lavar roupa no rio, a caçar javalis, a matar porcos, a derreter o aço, a assentar tijolo, a aparafusar rebites, a ordenhar gado ou a escavar fundo a terra até encontrar alguma cousa que me não crie ansiedade ou medo. Vou, talvez, apanhar castanhas, pescar trutas no rio, fazer-me ao mar, derrubar grande plátanos com um machado metafórico; andarei pelo bosque recolhendo lenha para a lareira, apanharei braçados de flores, fumarei cigarros de palha e entrançarei os meus próprios cestos, cozerei o barro, o pão, o caldo de hortaliças do quintal. Hei-de empenhar-me muitíssimo na poda e na roda, no tudo e no nada, nas manhãs sem futuro e em conhecer o mundo sem sair de casa. Partirei nozes com as mãos, acenderei o lume esfregando dois gravetos, sacharei cebolas e levarei as cabras a pastar ao monte, sem perder de vista o urro do carro, o apito da fábrica, o silvo da máquina e a quimera do shopping. Só não sei se volto (mesmo sabendo que sempre acabo por voltar).