Tenho estado a colaborar na organização de um evento que visa colmatar, na medida do possível, o cancelamento da 83ª edição da Feira do Livro do Porto. A iniciativa "Não há feira, mas há escritores" decorrerá nos dias 22 e 29 de Junho, pelas 17 horas, e pretende juntar na Praça da Liberdade os autores e leitores que perderam o espaço privilegiado de convívio que a Feira do Livro proporcionava.
Em plena época dos santos populares, ocorreu-nos que não seria má ideia que também os comerciantes dos tradicionais manjericos se juntassem à festa, substituindo as quadras populares das bandeirinhas coloridas que ornamentam os aromáticos vasos. Ficam aqui algumas sugestões.
Que é da Feira do Livro
Que procuro e não a acho?
Vim à Baixa comprar livros
E vou-me com cara de tacho.
Um pouco de cada vez
A cidade se esvazia;
Porque é que a Feira do Livro
Lhes provoca tanta azia?
Este ano, na avenida,
Não há Saramago nem Eça.
Ficou mais pobre a cidade
Onde o nome do país começa.
Quantas vezes vim à feira,
Comprar livros e passear?
Este ano só temos direito
De ver carros a buzinar.
Ó meu S. João Batista
Há algo que aqui destoa
Se para ir à Feira do Livro
É preciso ir a Lisboa.
Na Boavista fui à feira,
No Rosa Mota também.
A festa dos livros do Porto
É nossa e de mais ninguém.
Ai meu rico manjerico
Nem sei o que me está a parecer
Ter vindo para a Feira do Livro
E não haver nada para ver.
