Depois de tratar dos disparates semanais do governo, das redes sociais e da zoofilia, o programa televisivo Eixo do Mal, da SIC Notícias, terminou ontem com uma nota de alguma utilidade. Pedro Marques Lopes recomendou às editoras portuguesas que publiquem entre nós as crónicas do brasileiro Rubem Braga (1913-1990), um dos mais notáveis e inventivos cultores do género no universo da língua portuguesa. O exemplar que possuo da 22ª edição das 200 Crônicas Escolhidas, que a Record publicou há mais de uma década, tem o canto de uma página dobrado. O texto "Os Jornais", de 1951, narra simplesmente duas cenas do quotidiano e termina assim: "Se um repórter redigir essas duas notas e levá-las a um secretário de redacção, será chamado de louco. Porque os jornais noticiam tudo, tudo menos uma coisa tão banal de que ninguém se lembra: a vida...".
