sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Terá 2012 sido um ano para esquecer?

As listas que, por esta altura, classificam os melhores isto e aquilo do ano valem o que valem, mas permitem, se calhar, retirar algumas conclusões curiosas. No caso da lista dos melhores livros do ano que hoje o Ípsilon publicou, retive que, entre os cinco primeiros, não havia um único livro realmente recente. Ou do século XXI, vá lá. O Bom Soldado Sveik remonta à década de 1920, Já Então a Raposa Era o Caçador é de 1992, e A Piada Infinita de 1996. Arco-Íris da Gravidade foi publicado originalmente em 1975 e os Contos de Lydia Davis foram sendo produzidos, e editados dispersamente, ao longo de bastante tempo, embora a compilação The Collected Stories of Lydia Davis seja de 2009 (menos mal). Na segunda metade do "top 10" encontram-se ainda duas colectâneas de poesia (de Manuel António Pina e Maria do Rosário Pedreira) e um livro de Clarice Lispector também com vários anos. Só Ian McEwan (Mel), Onjaki (Os Transparentes) e Javier Marías (Os Enamoramentos) conseguiram intrometer-se numa lista que, de um certo ponto de vista, parece querer dizer que a literatura editada originalmente em 2012 é, no essencial, para esquecer.