terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Austerlitz, o homem que não tinha passado


Faltam-me vinte páginas para terminar de ler Austerlitz — mas talvez adie a leitura dessas linhas derradeiras a fim de prolongar o prazer de descobrir o passado do misterioso judeu checo a quem o nazismo e a guerra roubaram a identidade. O livro, como é costume nas obras de W.G.Sebald, mete-se-nos debaixo da pele, agarra-nos firmemente, encanta e fez pensar, enquanto vai revelando, com grande riqueza de detalhes e de referências cultas, a lenta reconstrução do passado do rapazinho louro que aparece na capa. Lê-se como um sonho a preto-e-branco carregado de névoa e melancolia, mas, ainda assim, magistral e encantatório. Pensando bem, é o ideal para os dias que vamos tendo.