quarta-feira, 4 de maio de 2011
Uma não-história muito bem contada
Também aproveitei a interrupção terapêutica da leitura do Ulisses para ler o Nenhum Lugar, do argentino Ricardo Romero, que a Deriva recentemente editou em Portugal. Começo por advertir que se trata de um romance que decorre num lugarejo perdido no deserto, habitado por pessoas vazias e secas e onde, na verdade, não se passa rigorosamente nada: um tipo é abandonado por um taxista e fica por ali, aparentemente sob um surto amnésico, à espera de que o motorista regresse ao táxi. Dito isto, interessa sobretudo notar que o modo de o contar é tão cativante que o livro foi capaz de me prender até ao fim. Assim de repente, parece-me que é um dos maiores elogios que se pode fazer a um escritor. E o Ricardo merece-o.