terça-feira, 29 de março de 2011

Souto Moura, o Prémio Pritzker maltratado na sua terra

Eduardo Souto Moura venceu o Prémio Pritzker, o mais importante galardão mundial atribuído à obra de um arquitecto. No Porto, a sua cidade, a câmara municipal decidiu, esta manhã, “congratular-se”. Tem, porém, poucos motivos para isso. Se se exceptuarem as estações do metro, a obra de Souto Moura na cidade tem sido tratada com um desdém que roça a atrocidade: a Casa das Artes, que é propriedade do Ministério da Cultura, está encerrada e a degradar-se há mais de dez anos sem que o actual executivo tenha movido um dedo em sua defesa. A Casa do Cinema Manoel de Oliveira foi recebida por Rui Rio como coisa malquista e que não serve para nada, transformada à pressa em escritório de alguns burocratas municipais, completamente esquecida já a função para a qual foi projectada. O desenho para a requalificação e ampliação da Biblioteca Pública Municipal também nunca passou do papel. E as torres que tinham sido projectadas para junto do Parque da Cidade foram tratadas como lixo e recusadas pela cidade e pelos seus políticos. No lugar delas há um ermo alcatroado que serve de boxe às corridas de automóveis que o doutor Rui Rio gosta de organizar e uns barracões que o Sport Clube do Porto construiu para a prática do ténis. Estamos, pois, conversados.