quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O admirável mundo das finanças

As secções de economia dos órgãos de comunicação social regozijam-se com o facto de o país ter conseguido voltar a endividar-se, a um juro inferior a sete por cento, provavelmente para pagar empréstimos anteriores, com juros mais baixos. O governo também se regozija e os mercados devem estar igualmente a regozijar-se bastante, embora sejam um pouco mais discretos (eu, no lugar deles, dava pulos e deitava foguetes, mas “eles”, presumo, têm formas de festejar um pouco mais requintadas e dispendiosas). Eu, porém, não posso regozijar-me por aí além, já que tenho a vaga impressão de que vou pagar este regozijo todo nas próximas contas do hipermercado e nos próximos recibos de vencimento. De qualquer modo, e conforme nos diria o professor Cavaco antes da campanha eleitoral, é sobretudo muito importante não irritar os mercados. Quando os mercados se irritam não há regozijo para ninguém.