Sempre gostaria de saber quanta tinta não teriam já vertido os iluminati de Lisboa caso tivessem feito ao IC19 ou ao IC20 o que fizeram ao IC1 – transformá-los em auto-estradas por decreto e, depois, fazer com que os utilizadores sem opções razoáveis pagassem a respectiva utilização. Mas provavelmente nunca o saberei.
Assim sendo, faço o que posso (como qualquer português que se preze). E a primeira coisa que fiz, no dia em que se começaram a pagar portagens nas chamadas Scut, foi arranjar um caminho que me permitisse utilizar a auto-estrada e, simultaneamente, não passar sob o pórtico que fotografa os veículos e lê os chips. Perdem-se cinco minutos nos desvios e poupam-se uns euros ao fim de algum tempo.
Como, às vezes, me acontece ter alguma pressa nas minhas deslocações (toca a todos), também aderi à Via Verde assim que li que podia usufruir da “discriminação positiva” que, nos primeiros tempos, isentará do pagamento das primeiras viagens mensais aqueles que morem a menos de dez quilómetros das vias onde agora o Governo veio roubar para a estrada. Pensei, pois, que tinha tudo tratado. Erro meu.
Afinal, o livrete do carro não faz prova de coisa nenhuma e, para beneficiar da “discriminação positiva”, é preciso preencher um requerimento específico, acompanhado de um atestado de residência que, suponho, terá que ser requerido em papel azul de 25 linhas, provavelmente em formato digital (para dar mais estilo). Por força deste processo complicadex, na melhor tradição da administração pública portuguesa, creio, por isso, que me limitarei doravante a fintar os pórticos. Dá menos trabalho e sempre se tem o indizível prazer de andar a enganar a gatunagem.