sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Inseminação
Qualquer criança com a quarta classe já sabe que a língua pode ser muito traiçoeira e, um pouco depois, aprende que o jornalismo, às vezes, está igualmente carregado de armadilhas e alçapões. O diário I, por exemplo, foi na onda do casamento contra pessoas do mesmo sexo e descobriu que a lei apresentada pelo PS no Parlamento está “cheia de buracos” e, por isso, os casais de lésbicas “podem recorrer à inseminação”. Ora esta é precisamente uma das mais subtis vantagens da posse de buracos: é fácil emprenhar por eles. As lésbicas, as heterossexuais e todos os indivíduos dotados de buracos podem, na verdade, ser inseminados. Já podiam antes e continuam a poder agora (uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, como dizia o outro). Até eu, se me apetecer, posso ser inseminado. Só que suspeito de que não gosto (disto e que se metam na minha vida) e de que inseminar-me seria uma actividade muito pouco profícua. Mas posso.