Fui ontem fazer compras ao hipermercado (sim, alguém tem que fazê-lo). À saída, no parque de estacionamento (subterrâneo, como convém), o lugar ao lado do meu carro estava ocupado por uma viatura em cujo interior havia um casal de pessoas com uma certa idade e aquele ar característico que têm os professores quando se aposentam (ele tinha uma barba encanecida, ela óculos redondos com aros metálicos). Estavam sentados um ao lado do outro, imóveis e olhando fixamente em frente. Enquanto ali estive, arrumando as compras no carro, não fizeram mais nada. Olharam em frente, como estátuas, para os carros estacionados no parque subterrâneo. Mas talvez, por dentro, estivessem vivos.