quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Pornografia
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social, que deus a guarde, deliberou outra vez contra os conteúdos pornográficos não pagos ou sem acesso condicionado, invocando, para tal, a Lei da Televisão e o artigo que ameaça com a perda de licença o operador que transmita “programas susceptíveis de prejudicar manifesta, séria e gravemente a livre formação da personalidade de crianças e adolescentes”. Não gostei. Antes de mais, parece-me que a ERC se demite das suas funções, abstendo-se de regular, como em outros capítulos da actividade, a qualidade da pornografia que nos chega a casa. Vêem-se, na verdade, coisas muito fraquinhas, que estão para a pornografia como os jornais da TVI para a informação. Mas sou um espírito aberto e estou sempre disposto a ser tolerante para com as deliberações beatas e algo taliban de entidades com a ERC, a ASAE e o Governo em geral, o qual pretende enfiar-me um chip não sei onde, à canzana, e quanto a isto a ERC não diz nada. Também não percebo os motivos pelos quais a ERC autoriza outros conteúdos que manifestamente ameaçam de forma grave a formação da personalidade das crianças e adolescentes, como sejam as transmissões de combates de wrestling, de jogos de póquer ou de encontros de benfiquistas. Pela minha parte, e para não estropiar demasiado os meus petizes, tapo-lhes os olhos e o nariz quando a televisão transmite debates parlamentares, explico-lhes didacticamente, sobretudo ao moço, que a Beyoncé não é uma pessoa de verdade e que só existe nos videoclips, e mudo de canal à pressa sempre que o pivot do telejornal anuncia mais um aumento no preço dos combustíveis.