sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

A minha rua

Há na minha rua algumas particularidades que aprecio especialmente neste dia em que quase não passam automóveis, os suburbanos não vêm estacionar na praceta e os passeios estão desertos. O Jardim Botânico, por exemplo, abre os portões logo pela manhã e pode-se caminhar pelos trilhos de saibro e respirar livremente, sem luzes piscando convulsivamente nos pinheiros, nem pais natal encarnados, nem meninos rubicundos ameaçados pela hipotermia entre a palha da manjedoura. Outro pormenor encantador é o café da esquina, o qual abre religiosamente as portas no dia de Natal, com esplanada à porta e tudo (nisto incluindo o cheiro a suor da camisa do empregado), e pratica preços diferentes dos do costume, presumo que para honrar o espírito da quadra. O café, por exemplo, passa de 60 para 70 cêntimos no Natal, mas eu pagaria até um euro, ou mais, pelo privilégio de poder tomar café neste dia, antes de vir trabalhar, como noutro dia qualquer.