sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Deus

Sobretudo não aceito o teu Deus — murmura Johnny —. Não me venhas com isso, não o permito. Se realmente está do outro lado da porta, não quero saber. Não há nenhum mérito em passar para o outro lado se é ele quem te abre a porta. Desfazê-la a pontapés, sim. Parti-la com murros, ejacular contra a porta, mijar um dia inteiro para a porta. Naquele dia em Nova Iorque, acho que abri a porta com a minha música, mas tive que parar e, então, o maldito fechou-ma na cara apenas porque nunca lhe rezei, porque nunca lhe vou rezar e porque não quero ter nada a ver com esse porteiro de libré, esse abridor de portas a troco de uma esmola, esse...

Do conto O Perseguidor, de Julio Cortázar, no livro Las Armas Secretas. Tradução caseirinha.