quarta-feira, 29 de abril de 2009

Virgens

Um peso na cabeça, uma dor ainda leve, mas incómoda, e secreções nasais. Os sintomas não são suficientes para que este vosso cronista possa ser oficialmente declarado, desde já, um humano com gripe de porco, mas, vejamos, nem assim o assunto chega a inquietar-me. Uma gripe é uma gripe é uma gripe e, se há verdade médica em que eu ponha alguma fé (e eu sou bastante desconfiado das verdades médicas), é precisamente aquela que garante haver cura para a gripe. Eu já sobrevivi a várias.

Outro tanto se pode afirmar da rara doença de que padece Margarida Menezes, uma rapariga nem sequer desagradável que apareceu nos últimos dias na pele de fundadora do Clube das Virgens, o qual, ao fim de um ano, continua a ter uma única associada, precisamente a Margarida Menezes, que há-de ser igualmente presidente da direcção, vogal, tesoureira e presidente da assembleia geral da bizarra agremiação. A virgindade, já se sabe, é hoje um estado de saúde perfeitamente tratável. Eu já curei algumas enfermas.

Pensando bem, o negócio das virgens só interessa como moeda de troca para o martírio praticado pelos terroristas islâmicos - e já em tempos alertei para a tremenda falácia que há nisto, pois setenta virgens gastam-se muito depressa quando se tem a eternidade toda pela frente – ou, vá lá, a moças pouco prendadas que vejam nesse recato uma forma de ascender à santidade e passar a desfrutar de um santuário com várias assoalhadas no interior de um país pouco recomendável.

Apesar das evidências da razão, Margarida Menezes persevera e recusa tratar-se. Ouvi-a dizer, por exemplo, que não tem pressa e que está à espera que apareça o homem certo. Benemérito como sou, compadeço-me e passo a partilhar com Margarida um segredo muito cá nosso. Miúda, escuta bem: podes procurar à vontade, mas desde já fica a saber que não é impressão tua – os homens são (mesmo) todos errados. Mas têm a cura.