domingo, 29 de março de 2009

Ser filho, ser pai

Perdoem-me se agora aqui invoco matéria tão pouco varonil, mas um sujeito tem inevitavelmente as suas fraquezas e a mim sucede-me esta fatalidade de gostar de literatura. O caso é que acabo de cair de amores por um romance e, se aqui agora estou escrevendo, é apenas por ter necessitado de fazer uma pausa para me recompor das emoções todas que estive vivendo apenas por ter lido o que li, ao ponto de me terem confluído as lágrimas aos olhos e ter sentido que uma peça qualquer da minha anatomia, localizada à altura do peito, se tornava muitíssimo pequena. Que belíssimo livro é Somos O Esquecimento Que Seremos, do colombiano Héctor Abad Faciolince! Que tremendo amor une aquele pai e aquele filho e que bela lição de vida é a máxima pela qual o pai do pequeno Héctor rege a educação dos seus filhos: "Se quiseres que o teu filho seja bom, fá-lo feliz; se quiseres que seja melhor, fá-lo ainda mais feliz". Se quiser ser absolutamente honesto comigo mesmo, não tenho grandes queixas sobre a vida que me calhou viver. Mas agora lamento um pouco não ter ter tido um pai como aquele e não ter conseguido sê-lo para os meus filhos.

Um conselho: é provável que as livrarias tenham já recambiado um livro que tem menos de três meses mas que não foi escrito por uma estrela televisiva (e por isso não vendeu horrores), ou que não tenham pedido a substituição dos exemplares vendidos, conforme lhes competiria se vender livros não te tivesse transformado numa actividade tão banal como o comércio de carnes verdes ou de secos e molhados, mas façam como eu fiz. Insistam, procurem o livro e não desistam de encontrá-lo. Vale absolutamente a pena.