sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Proposta de alteração na especialidade

Depois dos moches nos festivais de verão e da carnificina de animais em redondel público, também o presidente da Liga de Clubes Profissionais considera "inexplicável a exclusão do futebol" da lista de atividades que pagarão IVA a uma taxa reduzida. Trata-se, com efeito, de um escândalo.

Aos perdulários deputados do PS que pretendem que os bilhetes para as touradas apenas paguem 6% de IVA (contra os 13% que pagam actualmente e os 23% a que está sujeito um bem tão essencial como a eletricidade), e que até poderão ponderar o alargamento da benesse ao futebol, permito-me, pois, recordar outros bens de primeira necessidade cuja fiscalidade talvez seja conveniente desagravar: as tochas pirotécnicas que servem para galvanizar os atletas profissionais (e, de vez em quando, também para ensiná-los quem manda na Juve Leo), o vestuário dos toureiros e forcados amadores, o pensativo tabaco que relaxa e inspira os artistas, a factura das barbearias onde os futebolistas trocam de penteado, as carabinas de caça, os zagalotes, os bilhetes para o circo, as fichas para jogar matraquilhos, a roupa dos anões acrobatas, a assinatura da TV 7 Dias, as portagens da auto-estrada para Fátima, as gravatas de seda, a contratação de anúncios de relax, o vinho verde... É uma contribuição modesta, e limitada, mas estou certo de que a proposta de alteração ao orçamento dos deputados do PS ainda pode ser muito melhorada.

Se calhar já não vão a tempo de criar um bolsonaro em condições, mas talvez ainda sejam capazes de ressuscitar um Rui Rio qualquer.