sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Crónica da pátria em chamas


Bem lamentável é este tempo. Um indivíduo há-de dar-se por satisfeito apenas por ter conseguido evitar a mensagem televisiva do sujeito que consta que é primeiro-ministro, sentindo-se duplamente afortunado se acaso também escapou ao post natalício do sobredito (t'arrenego!) no Facebook. À falta de melhores notícias, devemos ter por balsâmica a abstinência de toda e qualquer prática que ameace transtornar-nos a digestão e as amenidades cardíacas, assim como de tudo aquilo que esteja sujeito à cobrança dos impostos com que nos hão-de arrancar o couro. Haverá nisto um tanto de alienação, de aviltamento da condição cidadã, mas parece avisado que o indivíduo evite enervar-se, e que procure dormir pacificamente o tempo todo que possa, de modo a privar-se das más notícias. Tememos, ainda assim, que, ao despertar, os vendilhões nos tenham já mercado as enxergas e posto o nosso sangue a privatizar.