quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Proibida a entrada aos uruguaios

Uma coisa leva à outra. Por falar em Llach, na catalunha e em Roberto Bolaño, li numa crónica relativamente recente do Enrique Vila-Matas, do catalão Enrique Vila-Matas, que "detectives selvagens", a expressão que deu título ao melhor romance de Bolaño, foi, antes disso, o nome de uma conjura de poetas que, em 1900, conspirava sonhos a partir do minúsculo quarto de uma casa art-deco de Montevideu, no Uruguai. À frente dessa vanguardista conjura da Torre de los Panoramas, diante do Rio da Prata, estava, então, um jovem poeta, Herrera Y Reissig, do qual nada sei, mas que apenas consigo imaginar parecido com Arturo Belano, o insensato e irresistível personagem d'Os Detectives Selvagens de Bolaño. Ainda na crónica de Vila-Matas, leio que o quarto onde se reuniam os poetas insurgentes, os verdadeiros, uruguaios e originais detectives selvagens, que à porta desse cubículo de sonhadores havia um cartaz preso na porta, no qual se avisava que era proibida a entrada aos uruguaios. Vejo a frase escrita a tinta-da-china numa folha de papel grosso e amarelecido pelo tempo: "Proibida a entrada aos uruguaios". E é como se uma nova história começasse.