Cavalheiro de província como outro qualquer, necessito agora de me deslocar à capital para adquirir livros a preços razoáveis naquela coisa a que ainda chamam Feira do Livro (que saudades...), alombando com um considerável carrego de cultura quando regresso no Alfa Pendular à mesquinha e turística metrópole do norte. Aproveitei, desta vez, para, entre muitos outros, arrematar a preço de saldo O Viajante do Século do Andrés Neuman, que há muito queria ler e cujo elevado preço me tinha até aqui interdito. O romance, tanto quando posso dizer ao fim de noventa páginas, é belíssimo e conta a história de um turista, Hans, que chega certa noite à imaginária cidade de Wandernburgo e, sem que seja capaz explicar porquê, ali vai ficando um dia após o outro, incapaz de concretizar a decisão de partir na manhã seguinte. Enquanto o leio, lembro-me muito de algumas selecções europeias que disputam o mundial de futebol, as quais parecem estar no Brasil sem propósito nenhum, limitando-se a flanar pelos trópicos, a cumprir calendário e a adiar a hora de regressarem a casa. Há-de ser um refrigério tremendo. E não estou só a falar da equipa espanhola, claro.
