quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Extorsão fiscal e tortura medieval


É evidente que o regresso do Francisco José Viegas ao lado decente da barricada é um acontecimento que merece uma saudação especial. Creio, no entanto, que a intervenção do ex-secretário de Estado de Passos Coelho enferma de dois ou três pecados (e nem sequer vou imiscuir-me na polémica sobre o brasileirismo a que o Francisco recorreu para ameaçar as autoridades tributárias).

Em primeiro lugar, eu não sei até que ponto é eficaz mandar um funcionário levar na bilha. O burocrata em causa pode perfeitamente apreciá-lo e agradecer, tipo "muito obrigado, fá-lo-ei logo que possa, mas agora preciso mesmo de saber se o senhor pediu a facturazinha".

Em segundo lugar, o pobre funcionário, goste ou não da sodomia, é apenas isso mesmo, um funcionário, pelo que o meu amigo Francisco faria bem melhor se canalizasse o assomo de desobediência para os indivíduos que mandam no burocrata em causa, nomeadamente aquele grupo de pessoas de apelido Coelho, Relvas, Gaspar, Moedas e etc, mesmo que correndo-se o risco de algum deles gostar de tomar no cu (o que, francamente, enfraqueceria o generoso protesto cidadão de Viegas).

Acresce ainda que os sujeitos atrás citados eram, há não muito tempo, colegas do Francisco no governo, pelo que me agradaria muito saber que Viegas aproveitou as reuniões regulares de governantes para lhes dizer aquilo que mereciam ouvir (mas suponho que tal não aconteceu).

Por fim, Viegas foi eleito deputado por Bragança nas últimas eleições legislativas, pelo que, creio, alguns dos seus eleitores talvez apreciassem vê-lo no Parlamento, na bancada do PSD, a mandar tomar no cu aqueles que bem mereciam ser enrabados — por um ferro em brasa, já agora.