Tenho andado um pouco indiferente à estupidez alheia, já que sou bastante auto-suficiente neste departamento, mas não pude deixar de reparar nisto: depois de ter enchido as ruas e praças da cidade com bandeirinhas, pendões, cartazes e outdoors anunciando os seus “grandes debate do regime” – convém dizer ao povo que os debates são grandes, não vá o povo pensar que se trata de uma coisa sem importância e apenas destinada à auto-promoção a expensas do colectivo –, o doutor Rui Rio aproveitou uma cerimónia de entrega de umas medalhas para voltar a pronunciar-se sobre o “desgaste do regime”, advogar a respectiva “reformulação” e criticar os partidos. Rui Rio, porém, é um indivíduo que vive há várias décadas no âmago do regime, que tem beneficiado dos partidos para obter cargos na Assembleia da República e na Câmara do Porto, e que, tanto quanto se consegue perceber, também não terá sido capaz de melhorar nem um bocadinho o partido do qual é militante e do qual até foi vice-presidente há relativamente pouco tempo. Em todo o caso, a relação dos roedores com os navios em dificuldade está sobejamente descrita em vários tipos de literatura.
P.S.: apercebi-me, entretanto, de que o ecuménico autarca também apelou ao "entendimento" entre os partidos. Basta, porém, ter alguma vez assistido a uma reunião pública do executivo da Câmara do Porto para constatar como Rio (des)trata os eleitos dos outros partidos; e para perceber como aquilo que ele diz são apenas palavras para enganar os telejornais e quem os vê.