terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Mastigar com moderação: um programa eleitoral para a presidência da república

O vasto conjunto de indivíduos muito desagradáveis que se candidataram à presidência da república com o singular intuito de estorvar Marcelo Rebelo de Sousa até podem empenhar-se em negá-lo com veemência, mas o ex-comentador da TVI tem demonstrado à exaustão que não só é a absoluta personificação da "moderação" como, além disso, é também muito diferente de Cavaco Silva.

Tanto quanto tenho podido acompanhar pelos órgãos de comunicação social, Marcelo aparece quase todos os dias a mastigar alguma coisa em algum canto do país, antes ou depois de proferir alguma declaração neutra e irrelevante. Seja fogaça, croquete, lasca de presunto, pastel de nata, banana, lanche ou outra coisa qualquer, o candidato come tudo o que lhe surja pela frente - e com que soberba classe o faz!

Cavaco, sabe-se, mastiga de uma modo alarve e capaz de envergonhar tanto a pátria como a família mais chegada. Marcelo, pelo contrário, mastiga com a elegância e a elevação de alguém que tem Cascais no sangue e que frequentou com igual à-vontade os grandes salões de pelo menos dois regimes políticos. A sua mastigação é, assim, cuidada e muitíssimo telegénica, à altura de um chefe de Estado de qualquer país civilizado. O "professor" não se limita a pregar a moderação: exemplifica-a a cada paragem da sua caravana, mastigando com enorme equilíbrio e ponderação. E nisto se distingue absolutamente da múmia que actualmente ocupa o cargo.

Pelo que tenho podido perceber, a mastigação com moderação resume todo o programa do candidato mais bem colocado para ser o próximo presidente da república do meu país. Estamos, pois, bem arranjados.