quinta-feira, 30 de julho de 2015

Tão farto disto

A pós-modernidade é fodida. Quando a morte de um leão numa caçada, por muito lamentável que seja, parece ser mais importante do que a morte de milhões de pessoas (à fome, à sede, a tentar passar uma fronteira), está tudo dito. Antigo, bota-de-elástico e fora de moda, lamento, claro, a sorte de Cecil, o felino mais famoso do Zimbabwe. Mas preocupa-me muito mais a sorte dos que fogem do apocalipse africano e a hipocrisia ocidental: os curdos são bons como carne para canhão na guerra contra o Estado Islâmico, mas péssimos enquanto vizinhos dos turcos. De dia são nossos aliados, à noite apoiamos aqueles que os bombardeiam. Estou tão farto disto. Tão farto.