quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Primeiro sorriso do mundo

Quando o dia começa o jardim está quieto e as águas do lago paradas. É raro que alguma brisa venha bulir nas folhas da pequena oliveira. Armam-se, com vagar, as cadeirinhas da esplanada. Algum escasso pássaro boceja no céu onde as nuvens lentamente se encastelam. O trânsito passa sem ruído, lento e mudo. Um cão pontual, sem trela, defeca na relva húmida do orvalho enquanto a dona desperta. Afasto-me da janela. Recolho-me e recordo a hora quase escura em que os meus olhos se espantam para ver o primeiro sorriso do mundo.