sexta-feira, 31 de maio de 2013

Perder-se alguém por aí



Perder-se alguém por aí é, tantas vezes, a única forma de encontrar alguma coisa.
Quando, aboborando ao sol, terminei a cerveja preta encetada no post anterior, decidi tentar caminhar até ao Bairro Alto, seguindo apenas o meu proverbial sentido de orientação e o vago conhecimento que tenho da geografia de Lisboa, evitando, por outro lado, o óbvio: seguir pela 24 de Julho até ao Cais do Sodré e voltar aí à esquerda, subindo até ao Camões (o que fiz no dia seguinte). Andei, pois, aos rebaldões, subindo e descendo calçadas e ruas, meio perdido entre as ruas das Trinas, do Quelhas e das Francesinhas, o que foi a segunda melhor coisa que me ocorreu nessa tarde, depois de ter redescoberto o miradouro de uma velha recordação. Quando, enfim, me aproximava de São Bento e voltava a encontrar um ponto de orientação razoável, atravessei uma rua sombreada por grandes árvores e vi, fulgurando ao sol, uma fachada de um azul incrível.
A fotografia que resultou desse instante de assombro é aquela que acima se reproduz, captada com um telemóvel, mas, ainda assim, uma espécie de prodigiosa coincidência, como, se calhar, sucede com todas as coisas que não planeamos e com que a vida, às vezes, nos surpreende: um raio de sol, um encontro inesperado, um sorriso.