segunda-feira, 4 de março de 2013

O cumprimento envenenado

Pelo menos três pessoas a quem fui apresentado nos últimos dias me cumprimentaram declarando que gostam muito de ler as minhas crónicas no Público. Partindo do princípio de que o afirmaram com a melhor das intenções, para demonstrar que me conhecem o nome e que apreciam o meu trabalho, devo concluir que, como não escrevo no Público há mais de quatro meses, essas pessoas nem sequer deram pela falta dos textos que (alegadamente) tanto apreciavam.

Outro indivíduo mais prolixo em bazófia e auto-estima talvez visse um pouco abaladas as fundações da sua imodéstia, mas, feliz ou infelizmente, o auto-comprazimento nunca foi uma das minhas características mais vincadas. Se alguma vez tivesse estado convencido de alguma coisa, quatro meses no desemprego teriam sido suficientes para destruir qualquer ilusão que ainda acalentasse. Mas os cemitérios, já o sabia, estão cheios de pessoas insubstituíveis (sem as quais o mundo continua a funcionar perfeitamente). Os centro de emprego também.

Neste ponto da vida, a distracção daquelas pessoas já não me provoca, pois, grande dano. Trata-se, na verdade, de um excelente incentivo para que me dedique a outra coisa qualquer, quanto mais anónima e banal melhor. Não me cairão os parentes à lama por causa disso.