sábado, 16 de março de 2013

Ladrões e palhaços



Tal como sucedeu quando a ex-deputada Odete Santos resolveu subir aos palcos para cumprir um (improvável) sonho de juventude, uma outra companhia de espectáculos convidou o ex-ministro Mário Lino para fazer teatrais figuras tristes, obtendo, desse modo, imediata e abundante cobertura mediática. Para além de ser incapaz de cantar ou representar, o agora cidadão Mário Lino é o mesmo indivíduo que negociou a entrega a consórcios privados de alguns rios de milhões de euros públicos, entre outras coisas através das chamadas ex-SCUT, as auto-estradas que vamos pagando, pagando, pagando, pagando e pagando (e cujas rendas, tirem o cavalinho da chuva, jamais serão negociadas, uma vez que o secretário de Estado que poderia fazê-lo não vai prejudicar os ex e futuros patrões).

Na reportagem que vi num telejornal da televisão, o qual nunca dá notícia de estreias de espectáculos de teatro a sério (não faltará muito para que já nem sequer haja motivo para fazê-lo, tal a velocidade a que as companhias se vão extinguindo à míngua), os espectadores da referida momice riam e aplaudiam a compasso a infeliz cantoria do ex-ministro. Não vi ninguém a atirar tomates, o que é, por si só, um triste sinal do país que temos. Gostamos muito de ser governados por ladrões, sobretudo quando também sejam palhaços (não desfazendo de nenhuma das classes profissionais atrás referidas).