quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Amigos dos animais

Tashtego, o índio, avistou hoje os primeiros cachalotes da expedição punitiva do capitão Ahab — um rebanho deles, soprando para o ar os seus jactos líquidos. Os marinheiros do Pequod mobilizam-se para lhes dar caça, impacientes. A matança promete ser encarniçada e brutal, tingindo o mar de sangue e de outras crueldades. Lá chegarei, entretanto, quando regressar à lenta leitura do Moby Dick, mas ocorreu-me, por livre associação de ideias, o caso do cão que matou uma criança de 18 meses e que, mesmo assim, conseguiu unir alguns milhares de indivíduos barafustando para que o canídeo não seja abatido, conforme manda a lei e (neste caso) também o bom-senso. É nestas alturas que nutro alguma simpatia pela pouca cultura das pessoas caridosas. Fossem de mais leituras e decerto estariam assinando petições para a imediata proibição, e posterior queima em praça pública, de todos os romances que exibissem malfeitorias infligidas contra animais (Moby Dick, Fiesta, O Velho e o Mar, A Viagem do Elefante...), mesmo que, na maior parte dos casos, lhes sejam indiferentes as maldades que, todos os dias, são perpetradas contra os da espécie humana.